Empresas financeiras do mundo digital oferecem ferramentas para que brasileiros acessem investimentos nos EUA de maneira simples. Mas atenção às taxas, benefícios e riscos.

Primeiro, os juros baixos afastaram o investidor da renda fixa, que passou a buscar retornos mais polpudos. Depois, as instabilidades econômicas e políticas dos últimos tempos passaram a exigir uma dose extra de sangue frio de quem se arrisca nos mares turbulentos da renda variável. Para além da conjuntura, diversificação é palavra-chave na cartilha de quem investe. Então, por que não levar recursos para o exterior?

O que sempre foi comum para os grandes investidores está ao alcance também de pessoas físicas, com recursos limitados, mas que buscam maiores retornos, proteção do patrimônio em moeda forte ou, simplesmente, um ambiente mais seguro para ver seu dinheiro render. É possível aderir às corretoras do mundo digital, fintechs que auxiliam o investidor no acesso ao mercado externo. Mas é preciso atenção às taxas, ao pagamento de impostos e aos riscos e benefícios de cada empresa.

Por onde começar?

Investir nos EUA pode parecer um processo complicado, mas empresas digitais como o C6 Bank, a Avenue Securities e a Passfolio oferecem facilidades para a remessa de recursos e consultoria de investimento para que o investidor possa fazer escolhas conscientes na hora de aplicar seu dinheiro.

A pioneira neste tipo de serviço é a Avenue Securities, uma corretora de valores sediada nos EUA, mas especializada no público brasileiro. Todo o cadastro, suporte e atendimento está disponível em português, inglês e espanhol e as operações – da abertura da conta ao aporte de recursos – são feitas pelo site ou aplicativo. Uma das principais vantagens é que a operação de câmbio é feita pela própria empresa, então o cliente envia seus recursos em reais, por TED ou PIX, para uma conta corrente no Brasil. É a Avenue que fará a operação de câmbio e a remessa internacional.

A empresa tem um plano gratuito para quem fizer até dez operações mensais, sem valor mínimo. É possível investir em ações, fundos imobiliários e ETFs (produtos financeiros indexados por índices das bolsas de valores) do mercado de ações norte-americano. Até o primeiro trimestre de 2021 a empresa possuia 260 mil clientes e US$ 800 milhões em ativos sob custódia, com recordes de número de abertura de contas mês após mês.

A Passfolio é outra alternativa para quem quer se aventurar no mercado internacional. A corretora norte-americana chegou ao mercado brasileiro no fim de 2020 e oferece ações, ETFs e fundos imobiliários das bolsas dos Estados Unidos, além de criptomoedas. A fintech oferece investimentos sem taxas de corretagem, negociação de ações fracionadas e permite que os clientes depositem criptomoedas na conta da corretora. Assim como na Avenue, os aportes são feitos em reais, via TED ou Pix.

A Avenue e a Passfolio têm algumas características em comum: conversão do câmbio dentro do aplicativo da corretora (com taxas), custo zero para algumas transações e relatórios para declaração de Imposto de Renda que facilitam a vida na hora do ajuste com o leão.

Para investidores com maior soma de recursos, o C6 Bank possui uma plataforma que permite que brasileiros façam investimentos no exterior. Para ter acesso aos ativos, o cliente precisa abrir uma conta internacional e fazer uma remessa, em dólar, no valor mínimo de US$ 10 mil. As remessas seguintes podem ser de US$ 1 mil. Na hora de fazer o envio, o investidor paga 0,38% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o Imposto de Renda é descontado quando o dinheiro volta para o Brasil. Pelo próprio aplicativo é possível realizar a operação de câmbio e as aplicações, mas fique atento às taxas: a anuidade da conta global é de US$ 500 e a tarifa de cada aplicação é de US$ 28.

Em que investir?

Os caminhos que levam o dinheiro do investidor brasileiro para o exterior estão crescendo e se diversificando. Além da possibilidade de abrir conta em instituições financeiras estrangeiras, o mercado interno vem expandindo o acesso a alternativas para diferentes perfis de investidores, como fundos de investimento, ETFs e BDRs.

Os fundos de investimento são a maneira mais simples de investir no exterior sem precisar mandar dinheiro para fora do Brasil. Esses fundos são brasileiros e funcionam do mesmo jeito que qualquer outro, a única diferença é o fato de que os gestores destes fundos aplicam os recursos em outros países. O Bradesco, por exemplo, almeja chegar a R$ 20 bilhões em fundos internacionais no final deste ano e a R$ 60 bilhões já em 2022.

Existe também a possibilidade de se investir nos Brazilian Depositary Receipts (BDRs), que são certificados que representam ações emitidas por empresas no exterior, mas negociados na B3, a bolsa de valores brasileira. São valores mobiliários que têm como lastro papéis de companhias estrangeiras, assim, permitem investir em ativos estrangeiros sem tirar o capital do Brasil. Os investidores não qualificados, que possuem menos de R$ 1 milhão investidos, podem comprar ações de empresas internacionais como Google, Apple, Facebook, Amazon, Netflix e Tesla, dentre outras, via BDRs.

Também é possível investir em índices de ações estrangeiras no pregão da B3 por meio das ETFs, os chamados fundos de índices que procuram replicar fielmente a carteira de um determinado índice, acompanhando o seu desempenho. A vantagem de abrir uma conta em uma corretora brasileira é aplicar na compra de ETF sem a obrigação de assinar um contrato de câmbio ou prestar contas ao Banco Central.

Além disso, também existe a opção de investir nos Certificados de Operações Estruturadas (COEs), um tipo de investimento que mescla características de renda fixa com renda variável, uma espécie de “pacote” de operações financeiras que normalmente envolvem papéis que pagam juros de um lado e derivativos do outro. A taxa de administração do COE varia de 0,5% a 2% ao ano e eles são tributados pela tabela do Imposto de Renda, de forma semelhante ao que incide nos produtos de renda fixa, com alíquotas idênticas às dos fundos de investimento, de 15% a 22,5% sobre os ganhos.

Fique atento ao Imposto de Renda!

Como qualquer investimento, os feitos no exterior também precisam ser apresentados à Receita Federal, na hora da declaração do Imposto de Renda. A pessoa física que tem investimentos diretos no exterior deve preencher a ficha “Bens e Direitos” com o maior número possível de informações, como o número da conta, o nome do investimento e da instituição financeira. Também é preciso inserir a quantidade de ativos, o valor gasto (em dólar) e o preço do câmbio na data em que a remessa foi realizada.

O contribuinte que recebe dividendos de investimentos no exterior deve pagar o Carnê-Leão, mesmo que o dinheiro não seja trazido para o Brasil. Além disso, contribuintes que tenham mais de US$ 100 mil em ativos no exterior também são obrigados a preencher um documento do Banco Central chamado Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior.

Você também vai gostar

Marketing Digital: porque é hora de abandonar as abordagens tradicionais e investir em soluções inovadoras

Growthcom: A necessidade de fusão entre as Estratégias de Branding e Marketing de Performance.

E-commerce para revendedoras, a nova aposta do mercado da beleza

E-commerce de beleza, uma ótima opção de renda disponível para todos os…

Empresas-publishers: entenda a evolução do mercado de Comunicação

A mudança global do comportamento de consumo de conteúdo traz novos desafios e oportunidades para os mercados de marketing e comunicação, que buscam inovações que possam atender suas atuais demandas de veiculação de mensagens.

A Sustentabilidade de Mídia: Uma Nova Dimensão para a Agenda ESG

Como o ESG pode ajudar a construir um ecossistema de conteúdo mais equilibrado e uma sociedade mais crítica e informada.