Diretora de Desenvolvimento de Negócios Internacionais fala sobre o braço internacional da GAEL e conta como “a proximidade e o carisma brasileiros são os nossos superpoderes no mercado global”.

Em um cenário onde as fronteiras dos negócios se tornam cada vez mais tênues, a GAEL Comunicação e Entretenimento dá um passo estratégico para consolidar sua presença global. Neste novo braço da agência, Christina Khair, Diretora de Desenvolvimento de Negócios Internacionais, assume a missão de traduzir a criatividade brasileira para o mundo, ao mesmo tempo em que traz o rigor de mercados maduros para o Brasil.

Christina Khair, Diretora de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da GAEL

Com uma trajetória que se iniciou em Nova York e uma vivência de mais de 30 anos no exterior, Christina personifica a fusão entre a essência autêntica do Brasil e uma visão de negócios global.

A entrevista a seguir explora o olhar estratégico por trás dessa expansão, os desafios de posicionamento e a convicção de que a combinação de excelência e autenticidade é o futuro dos eventos corporativos.

THE GATE: Para começar, poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória e como ela a trouxe a este papel de liderança na GAEL?

CHRISTINA KHAIR: Minha trajetória sempre foi sobre construir pontes. Eu fui para Nova York aos 19 anos, numa época em que o mundo parecia gigante e eu queria ver de perto como ele funcionava. Acabei ficando mais de 30 anos por lá, navegando entre empreendedorismo, marketing e captação estratégica. Essa vivência me deu uma visão muito ampla de negócios, de culturas diferentes e, principalmente, de como as pessoas se conectam com marcas e experiências.

Quando voltei ao Brasil, encontrei na GAEL algo que me fez vibrar: a possibilidade de unir esse olhar internacional com a criatividade e o calor humano brasileiro. Hoje, meu papel é exatamente esse: abrir caminhos para que a agência vá além das fronteiras, mas sem nunca perder nossa essência. Aliás, a ideia é justamente usar essa essência como diferencial competitivo: a criatividade, a proximidade e o carisma brasileiros são os nossos superpoderes no mercado global.

THE GATE: O que motivou a criação de um braço internacional para a GAEL?

CHRISTINA KHAIR: Foi um passo natural. A GAEL já tinha experiência em projetos no exterior, mas nos últimos anos começamos a receber cada vez mais pedidos de multinacionais de fora querendo fazer eventos no Brasil. Ao mesmo tempo, clientes daqui também começaram a pedir apoio para se projetar em outros mercados. Então, estruturamos essa operação para capturar valor em ambas as direções, consolidando nossa posição como um hub de soluções.

O setor de eventos é muito dinâmico e globalizado. As tendências surgem rápido e se espalham em questão de meses. Estar conectado globalmente significa estar sempre um passo à frente e pronto para entregar o que há de mais atual.

THE GATE: Na sua visão, quais são os maiores desafios e oportunidades de levar a criatividade brasileira para o cenário internacional e, ao mesmo tempo, trazer para o Brasil referências globais que fortaleçam a inovação da GAEL?

CHRISTINA KHAIR: O maior desafio é a credibilidade. Muitas vezes, o Brasil é visto como criativo, mas pouco confiável no quesito execução. Existe esse estereótipo – equivocado – de que somos ótimos em improvisar, mas nem sempre em entregar com excelência.

E é aí que está a oportunidade: mostrar que conseguimos entregar com o mesmo nível de precisão de qualquer mercado maduro, mas com um toque criativo e humano que só o Brasil tem. Essa mistura é única. Quando levamos isso para fora, conquistamos espaço. 

E quando trazemos as melhores referências globais para dentro, elevamos o padrão do que oferecemos aqui. É uma troca poderosa que beneficia os dois lados e um diferencial competitivo difícil de replicar.

THE GATE: Poderia detalhar como a missão de identificar oportunidades e estabelecer conexões certas se traduz na prática para transformar conversas em projetos criativos com impacto positivo, tanto para a GAEL quanto para seus parceiros internacionais?

CHRISTINA KHAIR: Tudo começa com a escuta ativa. O meu papel é ir além do briefing, é entender as ambições do cliente, suas dores, o contexto por trás do projeto e até o que não foi dito para traduzir intenções em soluções criativas que sejam consistentes e relevantes.

Para nós, um evento é uma plataforma de legado de marca. A criatividade só tem valor se for capaz de gerar um impacto positivo tangível – seja ele social, ambiental ou cultural – que retorne como um ativo de reputação e de negócio para o cliente e para a sociedade.

THE GATE: O evento Global Citizen Now, que vocês realizaram no Brasil, foi um marco. O que ele mostrou sobre a GAEL?

CHRISTINA KHAIR: Mostrou que o Brasil pode, sim, ser palco de um dos eventos mais relevantes do mundo em impacto social. Para a GAEL, foi uma prova de fogo e um orgulho enorme. Conseguimos atender um cliente estrangeiro exigente, que chegou com uma equipe grande, que não falava português e que naturalmente se sentia inseguro.

Nossa equipe não só fala várias línguas, como também sabe lidar com as nuances culturais. Não se trata apenas de traduzir palavras, mas de entender sensibilidades, costumes e expectativas. Entregamos com excelência em um cenário super complexo, a Amazônia, dentro do contexto da COP30.

A lição foi clara: quando juntamos propósito com capacidade de execução, criamos algo que ultrapassa fronteiras e mostra ao mundo do que somos capazes.

“No Global Citizen Now, entregamos com excelência em um cenário super complexo, a Amazônia, dentro do contexto da COP30”

THE GATE: Quais tendências globais moldam o futuro dos eventos corporativos?

CHRISTINA KHAIR: As tendências de Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Tecnologia são, na verdade, os novos pilares de qualquer estratégia de negócios. Elas moldam a forma como as empresas se relacionam com seus públicos e medem seu sucesso.

Na GAEL, estamos levando isso a sério. Fizemos uma parceria com a Nativa para medir impacto e preparar nossa jornada para a certificação B Corp. Nossa meta é conquistar tanto o B Corp quanto o selo Zero Waste Global Alliance até 2026, desviando mais de 95% dos resíduos dos nossos projetos dos aterros sanitários.

Também somos parceiros da Menos 1 Lixo, que é referência em práticas regenerativas, da Benfeitoria, que mobiliza recursos para projetos de impacto cultural e social, e do Eu Apoio, que conecta pessoas e empresas a causas importantes. Isso mostra que não falamos apenas em responsabilidade socioambiental como tendência, estamos nos colocando como catalisadores de mudança no setor.

THE GATE: Diante da crescente adoção de formatos híbridos, qual a sua visão sobre a evolução desse modelo e como a GAEL está se posicionando para oferecer soluções inovadoras nesse cenário, que combinem o presencial e o digital de forma eficaz?

CHRISTINA KHAIR: O híbrido deixou de ser aquele plano B da pandemia e virou ferramenta estratégica. Ele não substitui o presencial, mas amplia o alcance e traz dados valiosos.

A GAEL trabalha para desenvolver soluções que unam o melhor dos dois mundos de forma natural. Queremos que um evento em São Paulo ou no Rio seja capaz de impactar alguém em Berlim ou Tóquio com a mesma intensidade. O digital não é só transmissão, é parte da experiência.

THE GATE: Ao olhar para mercados como Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha, quais oportunidades você enxerga não só em termos de negócios, mas também de aprendizado estratégico?

CHRISTINA KHAIR: Esses mercados são escolas de disciplina, processos e métricas, elementos cruciais para a escalabilidade e a competitividade global. No entanto, sua maturidade, às vezes, resulta em um certo “engessamento”. É nesse vácuo que reside a nossa oportunidade. 

Eles olham para o Brasil em busca de frescor criativo e narrativas autênticas. É justamente na fusão do rigor do planejamento internacional com a nossa criatividade e autenticidade que a mágica acontece.

“O futuro da GAEL é ser essa ponte viva entre culturas, entre tendências e entre pessoas”

THE GATE: Como você enxerga o futuro da GAEL como referência global?

CHRISTINA KHAIR: Eu vejo a GAEL como uma agência que não só entrega eventos impecáveis, mas que conecta mundos. Queremos ser reconhecidos como quem leva o que há de mais inovador do mundo para dentro do Brasil, mas também como quem exporta a nossa forma única de criar experiências.

O futuro da GAEL é ser essa ponte viva entre culturas, entre tendências e entre pessoas. E principalmente, ser lembrada pelo impacto positivo que cada projeto deixa.

THE GATE: Na sua opinião, por que é estratégico para uma agência brasileira ter presença internacional hoje?

CHRISTINA KHAIR: Porque o mundo não tem mais fronteiras. Os clientes pensam globalmente e precisam de parceiros que entendam isso.

Estar presente lá fora nos dá aprendizado, inovação e visibilidade. E ao mesmo tempo, trazemos tudo isso de volta para dentro do Brasil, ampliando nossa capacidade de inovar aqui também.

Tanto que, somente nos últimos meses, firmamos parcerias com a Global Citizen e a The Royal Foundation of the Prince and Princess of Wales, coordenada pelo príncipe William e Kate Middleton. Além disso, estamos em negociações avançadas com outros três clientes internacionais, incluindo um evento na Europa.

Uma agência brasileira com presença internacional não é apenas fornecedora, é parceira estratégica. É quem traduz culturas, conecta mercados e cria experiências relevantes em qualquer parte do mundo.

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