A Sustentabilidade de Mídia: Uma Nova Dimensão para a Agenda ESG

A sustentabilidade de mídia é um conceito criado pela Purple-Z, que visa garantir a qualidade e a relevância dos conteúdos que são veiculados nos canais de comunicação em massa. Como em um ecossistema, onde a poluição sonora e visual pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente, a inundação dos meios de consumo de conteúdo com informações irrelevantes ou falsas prejudica a busca por conhecimento e verdade e propaga a desinformação.

O primeiro pilar da sustentabilidade de mídia é a relevância de conteúdo. Segundo pesquisa do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, a maioria dos usuários de notícias online estão mais interessados em confiabilidade e credibilidade do que em acessar conteúdo gratuitamente. As empresas e os veículos de comunicação precisam assumir uma postura mais responsável e crítica em relação aos conteúdos que produzem e veiculam. Não podemos mais aceitar a produção de materiais sem critério algum, que não agregam valor ao público e apenas geram ruído. É preciso adotar uma visão mais sustentável e comprometida com a qualidade da informação que circula nos canais de comunicação.

Segundo dados da empresa de pesquisa de mercado Statista, em 2020, a cada minuto eram publicados cerca de 500 horas de vídeo no YouTube, mais de 347 mil “stories” no Instagram e mais de 500 mil tweets no Twitter.

Um desdobramento importante disso está na disseminação de notícias falsas, ou “fake News”. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Reuters em 2020, 26% dos entrevistados afirmaram ter compartilhado uma notícia falsa durante o ano anterior. Esta disseminação tende a crescer e pode ter graves consequências para a sociedade, como o aumento da polarização política e social, “cancelamentos” de empresas e pessoas, além de colocar em risco a saúde e a segurança social.

O segundo pilar da sustentabilidade de mídia diz respeito à distribuição de renda e à melhoria do mercado. Historicamente, os valores de mídia para a veiculação de conteúdos são extremamente altos e restritos apenas aos grandes players do mercado. Com o surgimento de canais independentes e a possibilidade de impulsionamento de conteúdo, é preciso repensar a forma como esse valor é distribuído. Segundo dados da Socialbakers, em 2020, houve um aumento de 50% nos gastos com publicidade em redes sociais em comparação com o ano anterior, e a maioria desses gastos foi concentrada nas grandes empresas de tecnologia, como Facebook e Google. A sustentabilidade de mídia defende a melhor distribuição desses recursos, impulsionando novos veículos e influenciadores, além de remunerar de forma justa os profissionais envolvidos na criação dos conteúdos.

Além disso, em um terceiro pilar, a sustentabilidade de mídia também engloba outros aspectos importantes, como a diversidade de vozes e a transparência nas informações veiculadas. É fundamental que as redes sociais e os canais de comunicação incentivem a inclusão de diferentes perspectivas e histórias, revejam seus algoritmos de distribuição de conteúdo e que sejam transparentes em relação às fontes e metodologias utilizadas em suas operações.

De acordo com um estudo realizado pelo Pew Research Center em 2019, 62% dos adultos nos Estados Unidos obtêm suas notícias através das redes sociais. Essas redes utilizam algoritmos para selecionar e apresentar conteúdos aos usuários, com base em seus interesses e interações anteriores. Esse condicionamento imposto pelos algoritmos pode levar a uma polarização de ideias e a uma formação de “bolhas” de informação, onde as pessoas recebem apenas conteúdos que confirmam suas próprias visões de mundo.

Esses são apenas alguns pontos que tornam a sustentabilidade de mídia ainda mais crucial para as empresas, veículos, profissionais de comunicação e influenciadores. Garantir a qualidade, relevância e diversidade dos conteúdos veiculados, bem como promover a transparência e a distribuição justa de recursos são ações e exemplos fundamentais para a construção de um ecossistema de conteúdo mais equilibrado e uma sociedade mais informada e crítica.