Pra você nunca mais reclamar do distanciamento social ou do uso de máscara
De tempos em tempos, algum acidente histórico coloca a humanidade em xeque e exige que nos esforcemos para salvar a nós mesmos. A pandemia do novo coronavírus se encaixa nessa categoria. Da nossa geração não foi exigido aguentar bombardeios, passar por trabalhos forçados, convocação compulsória para atravessar o Atlântico e matar nazistas, nada disso. A nós coube apenas ficar em casa o máximo de tempo possível, evitar contato social além do estritamente necessário para a sociedade continuar funcionando, higienizar as mãos e usar máscaras. E muitos de nós conseguiram cagar…
Veja 10 epidemias ficcionais piores que a da COVID-19 e descubra que perder aquela baladinha, aquela ida à academia, ao barzinho não é tão ruim assim, que o “desconforto” de usar máscara é um mínimo esforço de civilidade para proteger a sua vida, da sua família e de gente que você nem conhece.
10. Despertar dos Mortos (1978)
Se no primeiro filme da série – o clássico A Noite do Mortos-Vivos (1968) – George A. Romero mostra um incidente isolado de mortos famintos por carne humana erguendo-se de seus túmulos, esta continuação traz o começo de uma pandemia de zumbis. A trama segue uma equipe de TV tentando sobreviver em uma cidade cada vez mais tomada pelos mortos.
Já no trailer, podemos ver uma cena recorrente em filmes de epidemia: o cientista tentando – em vão – explicar para o público e as autoridades que a parada é séria. Ainda bem que isso jamais aconteceria na vida real.
9. Extermínio (2002)
Um grupo de ativistas pelos direitos dos animais invade um laboratório e liberta vários chimpanzés. Ocorre que os bichinhos faziam parte de uma experiência e estavam infectados pelo vírus da raiva. Vinte e oito dias depois, a maior parte da população inglesa está infectada, transformada numa manada ensandecida. O filme de Danny Boyle acompanha a dura jornada de um punhado de pessoas saudáveis tentando chegar a um abrigo militar.
Apesar de ter toda a pinta de um filme de zumbis, Extermínio não é exatamente isso. Os esfarrapados que perseguem os protagonistas não são desmortos, são pessoas bem vivas, acometidas por uma mutação do vírus da raiva. Ou seja, a solução é matar os doentes. Não deixem ninguém no Ministério da Saúde ver esse filme!
8. The Last of Us (2013)
O já clássico game criado pela Naughty Dog conta outra história de outra pandemia “tipo zumbi,” só que não causada por um vírus, mas por uma mutação do fungo Cordyceps. A história do jogo se passa 20 anos depois do início da pandemia e ainda não foi encontrada uma cura ou vacina. À essa altura, a civilização foi para o vinagre faz tempo. Os não infectados vivem em zonas militarizadas (campos de concentração com um nome bonito) ou em agrupamentos nômades, enquanto os infectados vagam pelo mundo, devorando os incautos.
7. O Enigma de Andrômeda (1971)
Saindo um pouco do apocalipse zumbi, O Enigma de Andrômeda, baseado no romance de Michael Crichton, lida com uma bactéria letal de origem alienígena. A queda de um satélite numa cidadezinha do Novo México espalha a misteriosa doença, matando rapidamente quase toda a população local, com exceção de um bebê e do bêbado local. Um grupo de cientistas trabalha num laboratório subterrâneo para descobrir um modo de eliminar a bactéria, antes que ela se espalhe.
Apesar de ter uma premissa um tanto extrapolada, na época do seu lançamento o filme foi considerado pela Sociedade de Doenças Infecciosas dos EUA “o mais significativo, cientificamente preciso e engenhoso de todos os filmes desse.” Curioso notar que uma ficção que envolve uma bactéria vinda do espaço está mais conectada com a realidade do que muito presidente por aí…
6. Vampyr (2018)
A história do game gira em torno do dr. Jonathan Reid que retorna para Londres depois da Primeira Guerra Mundial, somente para encontrar a cidade tomada pela gripe espanhola. Ah, e em algum ponto do caminho de volta, ele foi transformado num vampiro. E não foi o único. De alguma forma, várias pessoas acometidas pela gripe estão se transformando numa espécie vampírica rudimentar, os skals.
Londres foi transformada num cenário de horror semi-deserto, com os moradores ricos isolados em suas casas, enquanto a população mais pobre, lutando pela subsistência, tem que botar o pescocinho pra jogo nas ruas infestadas de vírus, vampiros e monstros. Tire o sobrenatural da equação e bem-vindo a 2020!
5. A Travessia de Cassandra (1976)
O filme começa com terroristas atacando o prédio da missão americana na Organização Mundial da Saúde, em Genebra. O plano fracassa, mas um dos invasores consegue escapar, levando inadvertidamente em seu corpo o que pretendia destruir: germes de uma pandemia mortal (vagamente mencionada como parente da peste bubônica). Ele embarca num trem para Estocolmo e o cenário da bagaceira está montado.
Tentando evitar o pior, as autoridades desviam a rota do trem para a Polônia, onde os passageiros seriam colocados em quarentena. O problema – além do patógeno mortal, naturalmente – é que o trajeto envolve que a composição passe pela ponte Kasundruv ou “Travessia de Cassandra,” desativada desde 1948 e à beira do colapso. Tá na cara que vai dar merda…
4. Os 12 Macacos (1995)
Em 2030, a coisa não está nada boa para a humanidade. Ou para o que sobrou dela, já que 98% da população mundial foi exterminada pela pandemia do fictício kalavírus. Os 2% restantes, são obrigados a viver nos subterrâneos. Uma equipe de cientistas toma a decisão de mandar o exército de um homem só Bruce Willis de volta no tempo para 1996 – ano da eclosão da pandemia – para obter uma amostra da versão original do vírus, a fim de desenvolver uma cura.
A obra de Terry Gilliam conta com outra figurinha carimbada dos filmes de vírus-mortais-apocalípticos-sem-cura-à-vista: o ambientalista bem intencionado que acaba apertando o start no fim do mundo ao tentar impedir sua destruição gradual. Um claro recado para que deixemos a proteção do meio ambiente nas mãos capazes de políticos e corporações, afinal, eles têm feito um trabalho brilhante até aqui, né?
3. The Division (2016)
Nova York, um futuro próximo. É Black Friday e o consumo corre desenfreado como de costume. Ocorre que um terrorista plantou um vírus criado em laboratório em milhares de notas de dólar, dando início à epidemia que ficaria conhecida como “Dollar Flu.” A coisa degringola rapidamente, com milhares de infectados, hospitais abarrotados, mortos abandonados em suas casas e criminosos tentando tirar vantagem do caos. É a febre de consumo no hard, meu filho.
Na trama do mestre do thriller militaresco Tom Clancy, o jogador vive um agente da Strategic Homeland Division – ou simplesmente The Division – uma unidade secreta do governo americano, treinada para entrar em ação durante crises de potencial apocalíptico. Sua missão: restabelecer a civilização na Big Apple, salvar tantas vidas quanto possível e descobrir quem está por trás da disseminação do vírus. Só isso.
2. Contágio (2011)
O grande hit cinematográfico de 2020 – na época, com quase 10 anos de lançamento – não podia ficar fora desta lista. O filme ganhou notoriedade por mostrar de forma mais próxima à realidade todo o ciclo de proliferação de uma doença nova. Só de ser um dos poucos a lidar com o problema com mais ciência e menos tiro, porrada e bomba já vale uma conferida.
É impossível assistir a esse filme sem sentir aquela ponta de inveja diante de autoridades fictícias que trabalham direito, sem descanso, ouvindo os cientistas e profissionais de saúde, em busca de uma forma de deter uma pandemia global.
1. Ensaio Sobre a Cegueira (2008)
A misteriosa “cegueira branca” se espalha pelo mundo, causando todo tipo de desastre, já que cada vez mais gente está perdendo a visão. Os protocolos de isolamento não estão funcionando e parece inevitável que toda a humanidade fique cega. Menos a “mulher do médico,” a única pessoa a manter a visão.
Baseado na obra do brilhante José Saramago, o filme de Fernando Meirelles talvez seja o mais importante do gênero. Além de trazer todas as implicações de uma pandemia que leva ao esfacelamento do contrato social – como fizeram tantos outros filmes – Ensaio Sobre a Cegueira lida mais profundamente com o ser humano, nossos erros e acertos, nossa incapacidade de enxergar – às vezes, por opção – coisas que estão bem diante dos nossos olhos.
Viu só? Podia ser bem pior. Portanto, faça aquele esforcinho extra, colabore para o bem comum e aguente firme. Vai passar.